- Naturalmente, os autores foram procurar a expressão da agressividade e do ódio noutras espécies animais, sobretudo das que estão geneticamente mais próximas da nossa.
- Constataram coisas muito interessantes, e deram grande relevância às semelhanças e diferenças que existem entre espécies tão próximas, tantas vezes confundidas entre si: os chimpanzés e os bonobos.
- Os chimpanzés expressam de forma bem mais intensa a agressividade e o ódio; e a competição, nos chimpanzés. Os bonobos são mais pacíficos e solidários.
- As explicações são genéticas e ambientais. A disputa de comida ou a abundância de alimento disponível fazem a parte de leão da explicação das diferenças. A fazer lembrar o ditado popular "Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".
A estas constatações, que acrescento eu?
Que percepção tenho eu do que está a acontecer?
- Que, como tantos autores observam, provam e afirmam desde os primórdios das civilizações - por exemplo, os gregos clássicos; os Abel e Caim das bíblias; os contemporâneos Richard Dawkins e António Damásio -, a agressividade é uma característica básica da nossa espécie - biológica, genética. Está ao serviço da vida, e a vida reclama, muitas vezes, competição. É verdade, não há Paraíso terreno, tanto para os que crêem em Deus, como para todos os outros.
- Que vale muito o pensamento de Konrad Lorenz em que ele afirma que, no fundo, as diferentes experiências civilizacionais expressam muitas das tentativas dos grupos humanos para controlar, através do estabelecimento de rituais no contacto pessoal, seja entre conhecidos, seja entre desconhecidos, a manifestação da agressividade. Atenção! Está ele a falar da manifestação da agressividade que não serve a Vida, pelo contrário, põe em perigo a vida dos grupos humanos e das pessoas.
Em que resultou este muito pouco saudável comportamento aditivo?
- Que estamos em pleno tempo de grave extinção de espécies culturais e civilizacionais.
- Que quero eu dizer com isto? Genericamente penso que, juntámos
- um desenvolvimento social e comunicacional positivo (acesso mais livre, rápido, pessoa e directo à informação; e à muito acrescida possibilidade de todos comunicarem directamente com todos),
- a pressa em comunicar (reduzindo imenso a reflexão sobre a informação acedida),
- e a expressão de opiniões e tomadas de decisão mal informadas e avidamente moldadas por necessidades emocionais perturbadores,
- a soma, no fim, é um muito mau resultado.
- Desdenhamos dos rituais civilizacionais, atacamo-los; e tudo o que sugira regulação ou controlo do comportamento pessoal e social é tomado como injusto, racista, xenófobo, discriminatório, excluidor. Cada vez mais praticamos, com raiva e intolerância crescentes, a velha imagem de deitar fora a água suja do banho do bebé e também o próprio bebé.
- Das diferenças naturais fazemos oposições radicais em que só há o Zero e o Um: ou és dos nossos ou estás contra nós; ou pensas como nós e és porreiro e sábio, ou pensas outras coisas e és mau, perigoso e ignorante.