http://www.tvi24.iol.pt/internacional/poluicao-alteracoes- climaticas-efeito-estufa-atmosfera-onu-tvi24/1507316-4073.html |
Quase sinto passar-me na mente, em pensamente automático, que o que mais urge, para proteger o futuro dos nossos filhos é combater a avidez americana e também a explosão consumista da China. Seguramente que a resolução dos grandes problemas da Humanidade que habita a periclitante saúde do Planeta Terra passa por tais combates, sejam quais sejam os outros que também tenham de acontecer.
O Mundo precisa de medidas que regulem mais saudavelmente as sociedades; ao mesmo tempo, os países onde se vive, em geral, claramente acima do limiar da pobreza e da indigência humana, precisam de ver os comportamentos dos seus cidadãos claramente alterados, a partir de consciências esclarecidas.
O modelo de desenvolvimento (desenvolvimento?!...) hoje em dia dominante na generalidade dos países privilegia o primado da perspetiva economicista. Estruturalmente baseado no crescimento contínuo do consumo individual, é um beco sem saída; mais, é uma caminhada suicida.
Este modelo, repito, só é bem sucedido na condição do aumento constante do consumo. Seja por interminável acumulação, seja por permanente usa-e-deita-fora, esta estratégia de busca de níveis mais elevados ou satisfatórios de bem-estar (material) das pessoas e das sociedades é - já nem sequer apenas a longo prazo - desastrosa, dramática; e suicida. É, assim, a espécie humana preparando, com pressa evidente, as tábuas do seu próprio caixão.
Egoístas, ávidos, egocêntricos, os países desenvolvidos, com os Estados Unidos da América e a China à cabeça têm de arrepiar caminho imediatamente; e têm de ser combatidos! Combatidos por movimentos de cidadania independentes dos partidos políticos institucionalizados.
Ao mesmo tempo, como já quis eu alertar neste texto, há que olhar e repensar os comportamentos individuais. No fundo, as grandes mudanças precisam de ser preparadas durante um pouco mais de tempo.
É a este nível, que envolve o esforço de pais e professores, que, no meu entender, cabe trazer, com toda a oportunidade, o que Bernardo Sores diz no Livro do Desassossego acerca do Romantismo (os detaques são da minha responsabilidade):
"O mal todo do romantismo é a confusão entre o que nos é preciso e o que desejamos. Todos nós precisamos das coisas indispensáveis à vida, à sua conservação e ao seu continuamento; todos nós desejamos uma vida mais perfeita, uma felicidade completa, a realidade dos nossos sonhos e (…)
É humano querer o que nos é preciso, e é humano desejar o que não nos é preciso, mas é para nós desejável. O que é doença é desejar com igual intensidade o que é preciso e o que é desejável, e sofrer por não ser perfeito como se sofresse por não ter pão. O mal romântico é este: é querer a lua como se houvesse maneira de a obter.
«Não se pode comer um bolo sem o perder.»
Na esfera baixa da política, como no íntimo recinto das almas — o mesmo mal. (...)
A maior acusação ao romantismo não se fez ainda: é a de que ele representa a verdade interior da natureza humana. Os seus exageros, os seus ridículos, os seus poderes vários de comover e de seduzir, residem em que ele é a figuração exterior do que há mais dentro na alma, mas concreto, visualizado, até possível, se o ser possível dependesse de outra coisa que não o Destino."
Porventura será este o grande desafio para a Educação em todos os países do Mundo. Acredito que não há alternativa; e onde se verificar que não há vontade ter-se-á de opôr com persuasão; e se a persuasão não chegar, ter-se-á de se opôr com o combate frontal - ideológico e prático, sem violências físicas e psicológicas autoritárias. Não se fazer assim, já o disse, é o suicído das sociedades e do desenvolvimento humano, cuja representação ieal põe sempre os homens em ambientes paradisíacos da Natureza.
Sem comentários:
Enviar um comentário