domingo, 29 de agosto de 2010

Quem aos 20 não é e aos 30 não tem, aos 40 não é ninguém

Aproveitei a feira do livro da Semana do Mar na Horta para comprar a bom preço o "Adagiário Popular Açoriano", de Armando Cortes-Rodrigues (Antília, Angra do Heroísmo, 1982).
Como diz o autor, "a indicação de uma ilha junto de cada adágio apenas pretende significar que o adágio foi aí recolhido, pois que a mesma forma é igualmente conhecida noutras ilhas e no Continente". Praticamente logo a seguir esclarece o interesse específico da sua recolha: "há muitíssimos adágios que reflectem bem a idiossincrasia, os costumes, as tradições e preconceitos morais dos Açorianos".
Pessoalmente, continuo a interessar-me com vivo interesse esta vertente da cultura popular, de que sempre se desconhece muita coisa. Se calhar, por comodismo mental, penso que os adágios (ou provérbios, ou ditados, ou...) têm uma evolução "darwiniana", quer dizer, transformam-se com o tempo e selecionam os mais fortes.
Em muitos deles tento ver o valor que mantêm, tento ver como a sua lenta consolidação resiste à voragem das muito aceleradas transformações sociais e culturais atuais.
Peguei no livro (são dois volumes arrumados por ordem alfabética da palavra inicial) e fui direito à letra Q, mesmo à procura dos provérbios que começam por "Quem..."
Não tardei a (re)encontrar o adágio que dá título a este apontamento, que é, seguramente, o que mais vezes trago às conversas no consultório, mas também na escola, seja para auditórios de uma pessoa só, sejam eles coletivos.
Na verdade, penso que continua a valer em cada uma das palavras que o compõem.
Não o vou comentar, vou apenas convidar todos a pensarem um pouco neste "cromossoma", no meu entender, de força claramente "dominante", que determina o desenvolvimento pessoal de cada um de nós.
Ah! Já agora, na obra de Cortes-Rodrigues, o adágio aparece recolhido na ilha de São Miguel.

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